Mais da metade da população brasileira está acima do peso, de acordo com dados de pesquisa do Ministério da Saúde publicada hoje. A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) manifesta preocupação e vê urgência em medidas efetivas para combater a epidemia da obesidade no país.
Para o médico nutrólogo e presidente da ABRAN, Dr. Durval Ribas Filho, o grande problema é que o Brasil combina a chamada carga dupla, obesidade e má nutrição. “Temos que oferecer à população os benefícios que a Nutrologia traz à saúde. A ABRAN defende o ensino de qualidade da Nutrologia em clínica médica, mas alguns médicos recém-formados têm uma ideia superficial e treinamento muito pequeno na especialidade”, endossa. E, acrescenta: “a ABRAN reitera a importância da educação alimentar desde a infância, para que se possa combater, por meio da informação, o problema de saúde pública”.
“É preciso que se entenda que a obesidade é uma doença nutrológica, em geral, com distúrbios de vários nutrientes e não somente com aumento de peso. Há 60 ou mais anos, o grande problema médico mundial era a falta de alimentos, a fome. Ainda ela continua para uma boa parte da população mundial. Mas, para a maioria dos habitantes do mundo, nos países em melhor situação econômica e onde se implementaram indiscriminadamente programas de alimentação assistencialista, não se ensinou a comer. Com isso, começaram a aparecer e multiplicar o sobrepeso e a obesidade, tornando-se uma grande epidemia”, declara.
A pesquisa aponta que 55,7% da população está com Índice de Massa Corporal acima do valor considerado ‘normal’ pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já o número de obesos está estável desde 2015, com pequena variação. De acordo com o levantamento, 55,7% dos entrevistados têm excesso de peso – aumento de 30,8% desde 2006, quando o Ministério da Saúde começou a realizar a pesquisa. Naquele ano, 42,6% dos brasileiros estavam acima do peso.
Já em relação à obesidade, entre 2006 e 2018 a porcentagem de pessoas aumentou de 11,8% para 19,8%, maior índice registrado em todo o período. Apesar do recorde, o valor é considerado estável desde 2015, quando a porcentagem foi de 18,9%.
Fonte: ABRAN